Plano de criação de valor pós-integração M&A: otimizar o desempenho futuro

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Plano de criação de valor pós fusões e aquisições: otimizar o desempenho futuro

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A conclusão de um processo de integração no âmbito de fusões ou aquisições (M&A) marca apenas o início de um novo ciclo para a organização. Após a fase de integração inicial, é essencial garantir que a empresa não apenas estabiliza as operações, mas também que maximiza o valor gerado pela transação. Sem um plano estruturado para capturar sinergias e eliminar desperdícios, muitas fusões acabam por não atingir o retorno esperado, resultando em perdas operacionais e oportunidades de crescimento desperdiçadas.

Neste artigo, exploramos os principais objetivos, metodologias e estratégias para desenvolver um plano de criação de valor pós-M&A robusto e orientado para o futuro.

O que é um plano de criação de valor pós-M&A?

Após a conclusão de um processo de fusão ou aquisição e do processo de integração, a criação de valor sustentável torna-se um dos principais desafios para as organizações. O plano de criação de valor é uma estratégia que visa identificar, priorizar e implementar soluções de melhoria operacional, garantindo a maximização do valor da transação e a consolidação dos benefícios esperados.

Este plano foca-se na implementação das melhorias identificadas durante a due diligence operacional e durante o processo de integração. A duração do plano pode variar entre 6 meses e 3 anos, dependendo dos objetivos definidos para o plano.

Diferença entre o plano de 100 dias e o plano de criação de valor

O plano de 100 dias e o plano de criação de valor pós-M&A têm propósitos distintos, embora complementares, no processo de integração de empresas.

Diferença entre o plano de 100 dias e o plano de criação de valor

Juntos, o plano de 100 dias e o plano de criação de valor garantem que a fusão ou aquisição gera impacto positivo e duradouro.

Benefícios de implementar um plano de criação de valor

A implementação de um plano de criação de valor é essencial para garantir que a fusão ou aquisição se traduz numa operação mais eficiente, competitiva e sustentável a longo prazo. Sem uma estratégia estruturada, muitas organizações enfrentam desafios como perda de eficiência, integração incompleta e dificuldades em capturar sinergias.

O plano de criação de valor assegura que a empresa não apenas mantém a estabilidade operacional, mas também aproveita ao máximo as oportunidades de crescimento e otimização.

Melhorar os processos

O plano de criação de valor reduz significativamente o risco de perpetuar processos desatualizados ou ineficientes, que podem limitar a produtividade e afetar a rentabilidade da organização. Identifica operações críticas que necessitam de otimização e define estratégias para eliminar desperdícios, melhorar fluxos de trabalho e reforçar a qualidade.

A transformação dos processos permite que a organização alcance um nível superior de excelência operacional, refletindo-se diretamente na sua capacidade de entregar mais valor ao cliente e aos stakeholders.

Evitar a estagnação operacional após a integração

Após a fase inicial de integração, muitas empresas correm o risco de perder dinamismo e entrar numa fase de inércia operacional. O plano de criação de valor impede essa estagnação ao estabelecer uma abordagem contínua de melhoria, que mantém o crescimento e a competitividade da organização. Mantendo assim a organização num estado de transformação ativa, evitando o conformismo com práticas ineficientes.

Ao sustentar a mentalidade de progressão e inovação, o PCV (Plano de Criação de Valor) garante que a empresa não só preserva o que foi conquistado na fusão, mas também constrói bases sólidas para o crescimento futuro.

Garantir a consolidação das sinergias

Uma das grandes promessas das fusões e aquisições é geralmente a realização de sinergias operacionais e financeiras. No entanto, sem um plano estruturado, muitas dessas sinergias acabam por não se concretizar totalmente. O PCV previne este risco ao definir iniciativas estruturadas para capturar sinergias previamente identificadas, ao atribuir-lhes responsáveis e ao estabelecer mecanismos de acompanhamento e medição dos ganhos previstos.

Dessa forma, a empresa consegue extrair o máximo potencial da transação, garantindo que os benefícios não fiquem apenas no papel, mas se traduzam em impacto real nos resultados financeiros e operacionais.

Desenvolver uma cultura de melhoria contínua

A mudança organizacional após uma fusão pode gerar desafios na motivação e no alinhamento das equipas. O PCV desempenha um papel essencial na criação de uma cultura de melhoria contínua, onde todos os níveis da organização se envolvem ativamente no processo de criação de valor. Estimula a participação dos colaboradores na identificação de oportunidades de melhoria e incentiva a aprendizagem contínua e a adaptação rápida a novas realidades. Ao consolidar uma cultura onde a melhoria faz parte do ADN da empresa, o PCV assegura que os ganhos alcançados são sustentáveis no longo prazo, contribuindo para uma organização mais ágil e competitiva.

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Como desenvolver um plano de criação de valor sustentável

A criação de valor sustentável após uma fusão ou aquisição exige uma abordagem estruturada e orientada para resultados. O processo inclui a análise da situação atual, o desenho de soluções, o cálculo do retorno do investimento e um plano robusto de implementação.

Análise da situação atual

O primeiro passo é estabelecer o âmbito do plano de criação de valor e principais metas. É necessário definir quais as áreas a abranger e estabelecer objetivos GQCDS (Crescimento, Qualidade, Custo, Delivery e Sustentabilidade), garantindo que o plano se foca no crescimento, na melhoria da qualidade, na redução de custos, na otimização dos prazos de entrega, no serviço ao cliente e no fortalecimento das práticas ESG.

Antes de se definir um plano de melhoria, é essencial compreender o ponto de partida da organização. Uma parte desse trabalho já pode ter sido feito caso a empresa tenha realizado a due diligence operacional. A revisão do mapeamento dos processos e dos dados é fundamental para compreender os processos existentes, os fluxos operacionais e métricas de desempenho, assegurando uma visão detalhada do funcionamento da organização. Com essa base, torna-se possível identificar oportunidades de melhoria e definir as áreas prioritárias para otimização.

Desenho de soluções e cálculo do retorno do investimento

Após a identificação das oportunidades de melhoria, é o momento de definir soluções que tragam resultados sustentáveis e quantificáveis. O primeiro passo é treinar as equipas em ferramentas Kaizen Lean, assegurando que possuem as competências necessárias participar ativamente no desenho da visão de melhoria. As soluções devem permitir eliminar desperdícios, otimizar processos e aumentar a eficiência operacional.

O desenho da visão futura define o modelo operacional ideal para a organização. Para garantir a viabilidade do plano, é necessário calcular os benefícios esperados das iniciativas propostas, assegurando uma medição precisa do impacto na produtividade, nos custos e na qualidade. Além disso, é essencial estimar o investimento necessário para a implementação das soluções, assegurando que os recursos são adequadamente alocados. Por fim, o cálculo do retorno do investimento (ROI) permite justificar financeiramente as iniciativas e priorizar aquelas com maior impacto e viabilidade económica.

Desenho do plano de implementação

Para que as melhorias sejam efetivamente implementadas, é necessário estabelecer um roadmap bem estruturado. O cronograma de implementação define os Eventos Kaizen a realizar, os objetivos a atingir e os prazos para a execução, garantindo um progresso consistente e bem monitorizado.

A definição das equipas responsáveis assegura que cada iniciativa tem lideranças claras e recursos alocados de forma adequada. Um plano bem estruturado evita atrasos e desvios de foco, garantindo que a execução das melhorias ocorra dentro dos prazos estipulados e com o envolvimento necessário de todas as partes.

Implementação do plano de criação de valor

A implementação do plano de criação de valor deve ser conduzida de forma estruturada e com um acompanhamento contínuo dos resultados. A abordagem baseia-se na implementação dos Eventos Kaizen. A monitorização é realizada através de reuniões frequentes na Mission Control, que permite um acompanhamento rigoroso do plano e dos indicadores-chave de desempenho, assegurando que os objetivos são atingidos e que os desvios são corrigidos de forma ágil. Além disso, as reuniões de acompanhamento do plano garantem que as equipas mantêm o alinhamento estratégico e a adaptação necessária ao longo da implementação, mitigando riscos e ajustando ações sempre que necessário.

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Objetivos do plano de criação de valor

O plano de criação de valor deve ser desenvolvido com objetivos claros e mensuráveis para garantir a concretização das melhorias operacionais e estratégicas. As principais dimensões a otimizar incluem:

  • Qualidade: a melhoria da qualidade é um dos pilares fundamentais do plano de criação de valor, assegurando que a nova organização trabalha com padrões elevados. O objetivo é reduzir as não conformidades, as reclamações de clientes e o retrabalho associado a problemas de qualidade. Isto permite melhorar a experiência do cliente e reforçar a reputação da empresa no mercado;
  • Custo: a otimização de custos é essencial para garantir que a fusão ou aquisição gera os retornos financeiros esperados. A redução de custos pode ser alcançada através do aumento da produtividade, da eficiência dos equipamentos e da redução de stocks;
  • Entrega: a melhoria da entrega impacta diretamente o nível de serviço ao cliente e a competitividade da organização. A redução do lead time possibilita tempos de resposta mais rápidos e aumenta a eficiência e flexibilidade da cadeia de valor. A melhoria dos níveis de serviço garante que os clientes recebem os produtos e serviços com maior previsibilidade, reforçando a satisfação e a fidelização;
  • Motivação: o aumento da motivação da equipa gera um ambiente de trabalho mais produtivo e alinhado com os objetivos estratégicos. É fundamental desenvolver uma cultura que promova um mindset orientado para a melhoria contínua, garantindo que os colaboradores adotam novas formas de trabalho de forma proativa e sustentável;
  • Crescimento: o objetivo é criar novas oportunidades comerciais e melhorar a proposta de valor ao cliente, ao mesmo tempo que se impulsiona a inovação, permitindo o desenvolvimento de novos produtos, serviços e modelos de negócio que fortalecem a competitividade da empresa;
  • Sustentabilidade (ESG): A incorporação da sustentabilidade no plano de criação de valor garante que a organização se posiciona de forma responsável no mercado e cumpre com os requisitos regulatórios e as expetativas dos stakeholders. A integração dos princípios ESG (Environmental, Social, Governance) reduz riscos operacionais, melhora a reputação corporativa e aumenta a resiliência do negócio.
Benefícios da implementação do plano de criação de valor

Figura 1 – Benefícios da implementação do plano de criação de valor

Garantir uma integração eficiente para uma organização mais competitiva

O plano de criação de valor é essencial para garantir que uma fusão ou aquisição não se limita a uma integração operacional, mas sim à criação de uma organização mais eficiente, competitiva e inovadora. A sua abordagem estruturada permite melhorar processos, evitar a estagnação operacional após a integração, garantir a concretização dos benefícios esperados e desenvolver uma cultura de melhoria contínua.

Ainda tem dúvidas sobre o plano de criação de valor?

Qual a duração de um plano de criação de valor?

A duração de um plano de criação de valor pode variar consoante a estratégia definida e a complexidade da empresa, mas, geralmente, estende-se por um período entre 6 meses e 3 anos. Diferente do plano de integração, que foca em ações imediatas pós-aquisição, o plano de criação de valor visa mudanças estruturais e de médio-longo prazo para maximizar o desempenho da empresa e o retorno sobre o investimento. A duração depende de vários fatores como os objetivos estratégicos e a complexidade da empresa e das mudanças a implementar. O plano é organizado em ciclos ou fases de implementação com marcos e métricas de progresso, garantindo que os resultados são acompanhados e ajustados conforme necessário.

Quando deve ser implementado um plano de criação de valor?

O plano de criação de valor deve ser desenhado durante a fase de integração e a sua implementação deve começar no final da fase de integração, dando seguimento ao plano de 100 dias.

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