Lean Product Design

Artigo

Lean Product Design: Estratégias para assegurar o sucesso no desenvolvimento
de novos produtos

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No cenário atual de inovação e de elevada concorrência, o desenvolvimento lean de produtos assume um papel central na estratégia das organizações. Neste contexto, a fase de design do produto é crucial, determinando não apenas a funcionalidade e estética do produto, mas também a sua aceitação no mercado e a sua capacidade de se destacar relativamente à concorrência. A eficácia desta etapa não é garantida apenas pela inspiração ou criatividade das equipas, esta fase exige uma metodologia sólida para conduzir o processo de design de forma sistemática e eficiente. Neste enquadramento, surge e destaca-se o Lean Product Design (LPD), uma abordagem que não apenas acelera o processo de desenvolvimento, como também atua na minimização de riscos e na maximização das probabilidades de sucesso.

Introdução ao Lean Product Design

O Lean Product Design é mais do que uma abordagem ao desenvolvimento de produtos, é uma filosofia que visa maximizar o valor entregue ao cliente, minimizando desperdícios e otimizando a eficiência em todas as etapas do processo.

Esta metodologia centra-se em ouvir a voz do cliente, o que influencia cada fase do processo de design. Ao converter os insights da voz do cliente em requisitos tangíveis, as empresas conseguem ajustar os seus produtos às necessidades do mercado. A conversão de requisitos do cliente para requisitos do produto é crucial para assegurar que o desenvolvimento satisfaz as expectativas. Adicionalmente, ao adotar uma abordagem proativa na identificação de potenciais falhas, é possível antecipar e corrigir problemas, resultando em melhorias no desempenho, qualidade e fiabilidade do produto, promovendo assim uma eficiência operacional sustentável.

Princípios fundamentais do Lean Product Design

Conforme já foi referido, o Lean Product Design é uma abordagem que permite otimizar o desenvolvimento de produtos, eliminando desperdícios e focando na entrega de valor ao cliente. De seguida exploramos os princípios fundamentais que guiam o LPD:

  • Compreender o Valor para o Cliente: Implica identificar e priorizar as características e funcionalidades que são verdadeiramente significativas para os utilizadores. Ao alinhar o design do produto com o que realmente interessa aos clientes, as equipas podem evitar a criação de recursos desnecessários e concentrar os seus esforços no que realmente acrescenta valor.
  • Eliminar Desperdícios: Envolve a identificação e eliminação de atividades e recursos que não contribuem diretamente para a criação de valor. Ao reduzir o desperdício, as equipas podem acelerar o desenvolvimento do produto, reduzir custos, melhorar a eficiência geral do processo e reduzir o Time-to-Market.
  • Trabalho em Equipas Multifuncionais: Trabalhar com equipas multifuncionais garante uma abordagem holística ao desenvolvimento do produto, integrando diversas perspetivas para se alcançar resultados mais inovadores e eficientes.
  • Promover o Desenvolvimento Iterativo: As equipas são encorajadas a iterar, construindo protótipos, obtendo feedback do cliente e ajustando continuamente o design. Este ciclo iterativo permite uma adaptação ágil às necessidades do cliente e reduz o risco de desenvolver produtos que não satisfazem as expectativas.
  • Incorporar a Qualidade desde o Início: O princípio de “design for quality” destaca a importância de integrar práticas de qualidade desde as fases iniciais do processo. Ao priorizar a qualidade desde o início, reduz-se a probabilidade de defeitos e garante-se a satisfação do cliente, evitando retrabalho e outros custos futuros provocados pela não-qualidade.

Ao compreender e aplicar estes princípios fundamentais, as equipas de desenvolvimento podem criar produtos com elevado valor para o mercado.

Benefícios do Lean Product Design

O Lean Product Design proporciona uma série de benefícios para as organizações. De seguida exploraremos os benefícios que se podem obter ao adotar e implementar o LPD:

  • Resposta Ágil às Mudanças de Mercado: Ao adotar uma abordagem iterativa e centrada no cliente, as equipas podem rapidamente ajustar os seus produtos para atender às necessidades em constante evolução.
  • Redução Significativa de Desperdícios e Custos: Ao identificar e eliminar atividades e processos que não acrescentam valor ao produto final, as organizações podem otimizar os recursos, reduzir custos operacionais e aumentar a eficiência global.
  • Melhoria Contínua da Qualidade do Produto: Ao receber feedback constante dos utilizadores, as equipas podem melhorar a funcionalidade, a usabilidade e a fiabilidade, o que resulta em produtos de alta qualidade que satisfazem ou superam as expectativas dos clientes.
  • Motivação das Equipas: Ao melhorar a colaboração entre as equipas, ao minimizar retrabalho resultante da deteção tardia de problemas e ao projetar produtos de maior qualidade, as equipas experimentam uma sensação de realização mais significativa, contribuindo para um aumento na motivação.
  • Aumento da Satisfação e Fidelização do Cliente à Marca: Clientes satisfeitos são mais propensos a tornarem-se defensores da marca e a permanecerem leais a produtos que continuam a evoluir em paralelo com as suas expectativas.
  • Redução do Tempo de Lançamento no Mercado: Ao eliminar redundâncias, simplificar processos e adotar uma abordagem ágil, as organizações podem levar produtos inovadores ao mercado de forma mais rápida (redução do Time-to-Market), capitalizando oportunidades e ganhando uma vantagem competitiva.

Ao adotar o LPD, as empresas não apenas criam produtos inovadores, como também se posicionam para prosperar num ambiente de negócios dinâmico e competitivo.

O Processo do Lean Product Design

O Lean Product Design é um processo organizado em várias etapas, onde a Voz do Cliente, os Requisitos do Cliente e do Produto e a metodologia FMEA convergem para criar produtos verdadeiramente excecionais.

Voz do Cliente

A Voz do Cliente (Voice Of Customer – VOC) é uma ferramenta essencial para compreender as necessidades, desejos e as expectativas dos consumidores.

A VOC refere-se a todos os métodos utilizados para recolher insights valiosos do mercado. É a forma através da qual as empresas se sintonizam com o feedback dos consumidores, criando uma ponte entre as expectativas dos clientes e as estratégias do negócio.

A Voz do Cliente é uma ferramenta que permite obter uma contribuição que orienta as decisões em todas as áreas da organização, desde o marketing, ao planeamento de produtos e estratégias do negócio, minimizando os custos e retrabalho causados por más decisões.

A Voz do Cliente pode ser obtida através de diversos métodos, incluindo:

  • Declarações orais ou escritas (entrevistas, feedback direto e análise de comentários);
  • Respostas a instrumentos de pesquisa (questionários e feedback online);
  • Observação dos comportamentos de compra;
  • Estudo dos hábitos e práticas dos clientes;
  • Análise da linguagem corporal.


No esquema seguinte é possível observar as principais fases deste processo de recolha da Voz do Cliente.

Principais fases do processo de recolha da Voz do Cliente

Resumindo, a Voz do Cliente é uma abordagem estratégica que guia todo o processo do LPD, e cujas estratégias de recolha de dados podem variar consoante o tipo de pesquisa pretendida.

Requisitos do cliente

A compreensão profunda dos Requisitos do Cliente é um passo crucial no processo do LPD. Esta etapa passa pela transformação da Voz do Cliente em Requisitos claramente identificados e mensuráveis.

As principais etapas do processo de definição dos requisitos do cliente são:

  • Compreender as Necessidades do Cliente e Definir Casos de Uso: Analisar a voz do cliente para compreender as expectativas e motivações e criar exemplos específicos, descrevendo as necessidades dos clientes de forma clara e detalhada.
  • Descobrir e analisar a Concorrência: Entender os concorrentes para definir as prioridades do projeto, identificando lacunas no mercado.
  • Atribuir uma Importância: Identificar requisitos cruciais (“Must Have”) e desejáveis (“Should”) para priorizar elementos-chave no desenvolvimento do produto.
  • Identificar as Categorias de Requisitos do Cliente: Identificar todas as categorias, representando as diferentes dimensões dos interesses.
  • Identificar as Variáveis das Decisões dos Requisitos do Cliente e atribuir Valores: Definir as variáveis de relacionadas com os requisitos do cliente e, para cada variável de decisão, esclarecer o valor objetivo, o aceitável e o valor atual.
Principais etapas do processo de definição dos requisitos do cliente

Estes passos suportam a base necessária para o LPD, assegurando que os produtos desenvolvidos não apenas satisfazem, como também superam as expectativas dos clientes.

Requisitos do Produto

Os Requisitos do Produto desempenham um papel crucial no Lean Product Design, proporcionando a base para tomadas de decisão informadas desde a fase inicial do processo de desenvolvimento do produto.

Nesta fase, é vital contar com uma equipa multifuncional e colaborativa, abrangendo diversas áreas, como marketing, qualidade, design e engenharia. A falta de decisões colaborativas antecipadas pode levar a uma definição inadequada do produto, mudanças frequentes no desenvolvimento e atrasos no lançamento. Ter uma equipa que colabora entre si, possibilita ter uma direção de projeto mais focada, uma melhor conceção do produto e um planeamento eficaz para um lançamento mais rápido no mercado.

O processo de transformação dos requisitos do cliente em requisitos do produto baseia-se em quatro fases:

  • Quality Function Deployment (QFD): O QFD é uma técnica que traduz as necessidades dos clientes em características específicas do produto. Ele assegura que os requisitos do produto estão diretamente alinhados com as expectativas dos consumidores.
  • Estabelecer Baseline: Compreender o design atual do produto e os custos associados fornece uma base sólida para a definição de requisitos futuros. Isto ajuda a identificar áreas de melhoria e oportunidades de inovação.
  • Processo de Conceito do Produto: A criação de conceitos do produto envolve a exploração criativa de soluções que satisfaçam os requisitos definidos. No final desta fase, geralmente, sobram apenas 2 conceitos de produto.
  • Avaliação e Implementação: Nesta etapa, o melhor conceito é selecionado com base em critérios alinhados com os interesses do cliente, sendo acompanhado por uma análise prévia de riscos.
As quatro fases do processo de transformação dos requisitos do cliente em requisitos do produto

Estabelecer corretamente os Requisitos do Produto é fundamental para evitar problemas futuros. Uma abordagem colaborativa suportada por uma metodologia bem estruturada estabelece uma base sólida para a eficiência do LPD, garantindo uma entrega eficaz e alinhada com as expectativas do cliente.

FMEA do Produto

A Análise de Modo e Efeito de Falha (FMEA – Failure Modes and Effects Analysis) do Produto é uma abordagem estruturada que desempenha um papel vital no Lean Product Design, permitindo uma gestão proativa de riscos ao longo do ciclo de vida do produto.

O FMEA do Produto é um processo estruturado que pode ser resumido nas seguintes etapas:

  • Identificação das Falhas Potenciais: O primeiro passo consiste em identificar de forma sistemática as formas que podem provocar a falha do produto. Isto envolve uma análise detalhada das funções críticas de design e a antecipação de possíveis modos de falha associados.
  • Estimativa do Risco Associado a Causas Específicas: Uma vez identificados os modos de falha, avalia-se o risco associado a causas específicas para cada modo de falha. Isto envolve a análise de Ocorrência (probabilidade de acontecer), Severidade (gravidade caso aconteça) e Deteção (probabilidade de se detetar) para estimar a Prioridade do Risco.
  • Definição de Ações para Reduzir o Risco: Com uma compreensão clara e abrangente do risco associado a cada causa de falha, definem-se ações para reduzir o risco. Isto orienta a equipa de design na implementação de medidas preventivas.
Etapas do processo FMEA do Produto

O FMEA do Produto é uma ferramenta indispensável no LPD, pois oferece uma abordagem estruturada para identificar, avaliar e mitigar potenciais riscos. Ao adotar esta metodologia, as equipas podem fortalecer a qualidade, a fiabilidade e a segurança do produto, garantindo um desenvolvimento mais eficiente e orientado para o cliente.

Conclusão

Ao compreender os princípios fundamentais do Lean Product Design, como o foco no valor para o cliente, a eliminação de desperdícios, a promoção do desenvolvimento iterativo, o trabalho em equipas multifuncionais e a incorporação da qualidade desde o início, percebemos que estas são as diretrizes que impulsionam a criação eficiente de produtos inovadores. A aplicação consistente desses princípios permite que as equipas de desenvolvimento criem produtos que não apenas satisfazem, mas que também excedem as expectativas do mercado. Além disso, ao adotar o LPD, as organizações não apenas inovam, como também se posicionam para vencer num cenário dinâmico e altamente competitivo, colocando a satisfação do cliente enquanto farol orientador para o sucesso contínuo.

Ainda tem dúvidas sobre Lean Product Design?

O que são Requisitos do Cliente?

Os “Requisitos do Cliente” referem-se às necessidades, expectativas e especificações que os clientes têm em relação a um produto ou serviço. Estes requisitos são obtidos através da compreensão da “Voz do Cliente”, ou seja, ouvindo ativamente as opiniões, desejos e feedback dos clientes. Os requisitos do cliente são a base para o desenvolvimento de um produto que satisfaça as suas expectativas e atenda as suas necessidades.

O que são Requisitos do Produto?

Os “Requisitos do Produto” são as características, funcionalidades e especificações técnicas que o produto deve possuir para atender aos requisitos do cliente. Por outras palavras, são as traduções práticas e tangíveis dos requisitos do cliente para orientar o processo de design e desenvolvimento do produto. Transformar os requisitos do cliente em requisitos do produto é uma etapa fundamental para garantir que o produto final seja alinhado com as expectativas dos clientes, tanto em termos de desempenho como de usabilidade.

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