Process Mapping em funções de suporte: um caminho para a excelência  

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Process Mapping em funções de suporte: um caminho para a excelência  

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Nas organizações, as funções de suporte, como os Recursos Humanos, as Finanças, as Compras ou o Departamento Jurídico, desempenham um papel essencial no bom funcionamento do negócio. No entanto, os respetivos processos tendem a ser complexos, pouco visíveis e difíceis de medir. O Process Mapping é uma ferramenta estruturada e colaborativa que permite tornar esses processos visíveis. Através da representação detalhada das etapas, dos fluxos de informação, dos responsáveis, dos tempos de execução e do lead time, esta metodologia permite identificar desperdícios e redesenhar os processos de forma mais simples, eficiente e alinhada com os objetivos da organização.

O Process Mapping não é apenas um exercício técnico, mas também uma oportunidade para envolver as equipas na melhoria contínua, fomentando a transparência, a colaboração e a aprendizagem transversal. Neste artigo, abordamos o conceito de mapeamento de processos, a sua relevância nas funções de suporte e as etapas para a sua aplicação.

O que é o Process Mapping e por que é relevante nas funções de suporte?

Nas funções de suporte os processos são muitas vezes pouco visíveis e difíceis de medir. Ao contrário da produção, onde o fluxo de materiais é tangível e facilmente rastreável, nas áreas administrativas e de serviços predominam os fluxos de informação, que circulam entre pessoas, sistemas e departamentos. Essa invisibilidade gera perdas de eficiência, como atrasos, redundâncias, burocracia excessiva e erros de comunicação.

O Process Mapping surge como uma ferramenta essencial para tornar estes processos compreensíveis, permitindo identificar desperdícios, alinhar equipas e redesenhar atividades de forma mais eficiente.

Definição de Process Mapping

O Process Mapping é uma ferramenta Lean que permite mapear de forma estruturada todas as etapas de um processo, desde os inputs até aos outputs, identificando intervenientes, fluxos de informação, tempos de execução, pontos de decisão e resultados obtidos.

Ao construir o mapa do processo, torna-se possível visualizar a sequência real das atividades, bem como as interações entre pessoas, equipas e sistemas, revelando a forma como o trabalho flui na prática. Essa representação detalhada expõe não apenas o percurso do processo, mas também os seus desperdícios, variabilidade e pontos críticos.

O Process Mapping é assim uma ferramenta essencial para:

  • Tornar visível o que muitas vezes é invisível, sobretudo em funções de suporte, onde predominam fluxos de informação.
  • Identificar desperdícios (Muda), como duplicação de tarefas, perdas de informação, burocracia excessiva e tempos de espera.
  • Criar uma base objetiva para a discussão de melhorias, fomentando a colaboração de equipas multifuncionais e a construção de soluções sustentáveis.

Em suma, o Process Mapping é o ponto de partida para transformar processos complexos e dispersos em sistemas claros, transparentes e otimizados, servindo de alavanca para a melhoria contínua.

Benefícios para áreas administrativas e de serviços

O mapeamento de processos de negócio nas áreas de suporte traz múltiplos benefícios:

  • Redução do lead time: eliminar tempos mortos e acelerar o fluxo de informação, reduzindo atrasos.
  • Melhoria da produtividade: reduzir desperdícios e aumentar o tempo de valor acrescentado dos recursos.
  • Diminuição de erros: clarificar responsabilidades, inputs e outputs, diminuindo falhas ligadas à falta de informação ou má comunicação.
  • Maior transparência: aumentar a visibilidade sobre quem faz o quê e sobre o estado das atividades.
  • Melhoria do serviço ao cliente interno e externo: entregar processos mais ágeis e consistentes, aumentando a satisfação.
  • Aumento da motivação das equipas: colaboradores sentem-se mais envolvidos quando participam na identificação de melhorias e trabalham em processos claros e bem definidos.

Assim, o Process Mapping contribui para que as funções de suporte, como por exemplo, os Global Business Services (GBS), sejam um motor de inovação e eficiência e deixem de ser vistos como centros de custo burocráticos e passem a posicionar-se como parceiros estratégicos e centros de excelência para as organizações.

Como aplicar o Process Mapping

A aplicação do Process Mapping ou mapeamento de processo, segue uma abordagem estruturada que combina rigor analítico com envolvimento das equipas. O objetivo é compreender em detalhe como os processos funcionam na prática, identificar desperdícios e redesenhar fluxos de trabalho mais simples, ágeis e eficazes.

Preparação

O primeiro passo para aplicar o Process Mapping é a preparação. Começa-se por selecionar o processo a mapear, escolhendo um que seja relevante para os objetivos da organização e que apresente oportunidades claras de melhoria.  De seguida, é necessário definir o processo, estabelecendo de forma clara os seus limites, isto é, onde começa e onde termina.

Uma vez delimitado, deve-se recolher documentação do processo e informação detalhada sobre a sua execução, incluindo quem são os intervenientes, quais as taxas de erro, tempos de execução, ferramentas utilizadas e outros dados relevantes. Por fim, é necessário definir a equipa e o objetivo do mapeamento, alinhando expetativas sobre o que se pretende alcançar (reduzir lead time, aumentar a produtividade ou diminuir erros).

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Mapeamento do estado atual (as-is)

Concluída a preparação, passa-se à construção do mapa do estado atual, sendo possível recorrer a swimlane diagrams ou ao modelo BPMN (Business Process Model and Notation), que representam de forma visual e estruturada como o processo funciona a determinada data. O grande objetivo nesta fase é compreender a realidade tal como ela é.

Este trabalho é normalmente realizado em formato de workshop colaborativo, envolvendo todos os intervenientes no processo. As equipas utilizam post-its para representar as atividades, responsáveis e fluxos de informação, o que permite construir o mapa de forma dinâmica e participativa.

Imagem representativa da estrutura do Process Mapping

Figura 1 – Exemplo de estrutura do process mapping

No mapa são também representados tempos de execução e o lead time total. Esta medição torna visível onde se concentram os principais desperdícios e gargalos, fornecendo uma base sólida para a análise que se seguirá.

 Imagem representativa de um mapa da situação inicial

Figura 2 – Exemplo de mapa da situação inicial

Identificação de desperdícios e oportunidades de melhoria

Com o estado atual documentado, torna-se possível analisar o processo em detalhe e identificar os pontos que geram desperdício e ineficiência. Nesta etapa, a equipa deve levantar os problemas existentes, como informação parada, erros de comunicação, duplicação de tarefas e outras atividades que não acrescentam valor. Pode também ser necessário fazer uma análise de causa raiz dos problemas. Ao que se segue um brainstorming de ideias de melhoria, envolvendo diferentes perspetivas e garantindo o contributo dos vários intervenientes no processo.

O próximo passo é determinar o potencial de melhoria, isto é, quantificar os ganhos possíveis caso os problemas sejam resolvidos. Essa quantificação pode ser feita em termos de tempo de execução, redução de lead time, redução de erros, redução de custos ou melhoria no nível de serviço. No final, selecionam-se as propostas mais viáveis e com maior impacto.

 Imagem representativa de um mapa com identificação das oportunidades de melhoria

Figura 3 -Exemplo de  mapa com identificação das oportunidades de melhoria

Desenho do estado futuro (to-be)

Depois de identificar os problemas e selecionar as soluções, desenha-se o estado futuro do processo. Este mapa representa a visão Kaizen para o processo, ou seja, a forma como ele deverá funcionar após a implementação das melhorias. O objetivo é construir um fluxo mais ágil, simples, normalizado e centrado no cliente, eliminando desperdícios e reduzindo a variabilidade. A visão futura pode também incluir soluções para a automação de processos.

 Imagem representativa de um mapa da situação futura

Figura 4 – Exemplo de mapa da situação futura

Definição do plano de ação

O mapa do estado futuro só se concretiza através de um plano de ação estruturado. Nesta etapa, a equipa deve definir as ações necessárias para implementar as melhorias, atribuindo responsabilidades, prazos e recursos a cada uma. É importante que o plano equilibre iniciativas de rápida execução (quick wins) com ações mais estruturantes, que exigem maior esforço, mas que têm um impacto duradouro nos resultados.

Este plano funciona como uma ponte entre a visão do processo futuro e a sua execução prática, garantindo disciplina e alinhamento na implementação.

Implementação com monitorização

A última etapa é a execução do plano de ação, acompanhada por uma monitorização rigorosa para garantir que as soluções são aplicadas conforme o previsto e que produzem os resultados desejados. Nesta fase, a organização deve verificar a implementação das ações, avaliando se os indicadores definidos no início estão a evoluir positivamente.

Mais do que um fecho, esta fase representa o início de um ciclo contínuo: com base na monitorização, surgem novas oportunidades de ajuste e melhoria, em linha com a cultura Kaizen. Assim, o processo não só melhora, como permanece em evolução permanente, consolidando uma cultura de excelência nas funções de suporte.

Exemplos de mapeamento de processos em funções de suporte

O Process Mapping revela-se especialmente valioso na melhoria das operações de suporte, onde predominam fluxos de informação e interações entre diferentes áreas. Ao tornar estes processos visíveis e mensuráveis, é possível identificar desperdícios ocultos, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do serviço prestado.

O mapeamento de processos de Recursos Humanos ajuda a clarificar etapas críticas como o recrutamento, o onboarding ou a gestão administrativa. Torna visíveis atrasos e falhas de coordenação entre áreas, permitindo acelerar a integração de novos colaboradores e reduzir burocracias desnecessárias.

Na área financeira, processos como P2P (da aquisição ao pagamento), O2C (da encomenda ao recebimento) ou o fecho mensal beneficiam de maior transparência e simplificação. O mapeamento expõe redundâncias, retrabalho e falhas de integração de dados, permitindo reduzir atrasos e aumentar a precisão da informação.

Desta forma, conseguem-se operações de suporte otimizadas e estas áreas deixam de ser vistas apenas como centros administrativos e passam a atuar como parceiras estratégicas no aumento da eficiência global da organização.

Exemplar de mapeamentos de processos em funções de suporte

Figura 5 – Exemplo de mapeamentos de processos em funções de suporte

Boas práticas para garantir resultados sustentáveis

Para que o Process Mapping gere resultados duradouros, é essencial adotar algumas boas práticas que consolidem as melhorias alcançadas. Uma delas é a normalização dos processos, assegurando que a nova forma de trabalhar fica documentada e é seguida de forma consistente por todos os intervenientes. A normalização não deve ser vista como rigidez, mas como uma base que permite estabilidade e cria condições para novas melhorias.

Outra prática fundamental é a formação e capacitação das equipas, garantindo que os colaboradores compreendem o processo redesenhado e sabem executar as suas responsabilidades.

Finalmente, o acompanhamento regular dos indicadores-chave (KPIs) do processo assegura que os ganhos obtidos se mantêm ao longo do tempo. Com esta abordagem KAIZEN™ às operações, consegue-se garantir que os resultados do Process Mapping são sustentáveis.

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Conclusão: o papel do process mapping na transformação das funções de suporte

O Process Mapping, uma metodologia muito utilizada no Lean Six Sigma e na melhoria contínua, é um verdadeiro catalisador de transformação nas funções de suporte. Ao tornar visíveis processos frequentemente complexos e invisíveis, como os de gestão de incidentes ou de gestão do conhecimento, permite expor desperdícios, reduzir tempos de execução e lead times, e simplificar os fluxos de informação.

Quando aplicado de forma colaborativa, através de workshops que envolvem todos os intervenientes, o Process Mapping não só gera soluções mais eficazes, como também promove o alinhamento e a motivação das equipas. Desta forma, os colaboradores deixam de ser meros executores de tarefas e tornam-se participantes ativos na melhoria contínua.

Integrado numa cultura Lean Kaizen, o Process Mapping deixa de ser um exercício isolado e torna-se uma prática sistemática, capaz de sustentar ganhos e de impulsionar estratégias para a excelência do serviço. É este papel transformador que faz do Process Mapping uma ferramenta essencial para qualquer empresa que ambicione eficiência e agilidade.

Ainda tem questões sobre Process Mapping?

Qual a diferença entre Process Mapping e Value Stream Analysis?

Embora o Process Mapping e o Value Stream Analysis (VSA) partilhem o mesmo objetivo de melhorar a eficiência dos processos, são ferramentas com foco e níveis de detalhe distintos.

O Process Mapping é uma ferramenta de mapeamento, geralmente utilizada para fluxos de informação, que descreve com detalhe cada etapa de um processo, os intervenientes envolvidos, os fluxos de informação, os tempos de execução e lead time. É particularmente útil em funções de suporte, onde os processos são baseados em informação.

Já o exercício de Value Stream Analysis ou Value Stream Mapping atua a um nível mais macro, representando todo o fluxo de valor. O VSA foca-se em fluxos de cadeias completas, evidenciando o lead time, o tempo de valor acrescentado e as perdas entre as etapas. É especialmente utilizado em ambientes de produção e de logística, quando o objetivo é otimizar o desempenho global do sistema.

Qual a diferença entre Process Mapping e SIPOC?

Embora ambas as ferramentas sejam utilizadas para compreender e melhorar os processos, diferem no nível de detalhe e no seu objetivo principal.

A Matriz SIPOC (Suppliers, Inputs, Process, Outputs, Customers) fornece uma visão de alto nível dos processos. É útil para compreender o contexto organizacional e mapear, de forma simples, como as diferentes áreas interagem. No entanto, não descreve as etapas internas dos processos com detalhe.

Já o Process Mapping aprofunda a análise, detalhando as etapas, funções, fluxos de informação e responsáveis de um processo específico. Permite visualizar o que acontece no processo, revelando interdependências, desperdícios e oportunidades de melhoria.

Em síntese, o SIPOC é ideal para uma visão macro e de enquadramento, enquanto o Process Mapping oferece uma perspetiva operacional e detalhada que suporta o redesenho de processos e a implementação de melhorias concretas.

Qual a diferença entre Process Mapping e fluxograma?

O Process Mapping e o fluxograma são ambos ferramentas de mapeamento de processos, mas com objetivos diferentes. O Process Mapping foca-se nas atividades, tempos e relações entre intervenientes, tornando visíveis as interfaces entre pessoas e áreas. É ideal para compreender o funcionamento global de um processo e identificar oportunidades de melhoria.

O fluxograma, por sua vez, descreve com maior detalhe as tarefas e decisões dentro de um subprocesso, mostrando a sequência lógica das atividades, mas sem identificar quem as executa.

Em síntese, o Process Mapping oferece uma visão mais ampla e colaborativa, enquanto o fluxograma detalha a execução das tarefas. O primeiro serve para analisar e melhorar, o segundo para documentar e normalizar.

Existem softwares de apoio ao Process Mapping?

Existem várias ferramentas digitais que facilitam o Process Mapping, especialmente úteis quando não é possível reunir toda a equipa presencialmente. Nestes casos, os softwares permitem criar, visualizar e discutir mapas de processo de forma colaborativa e remota, mantendo a eficiência e o envolvimento das equipas.

Estas plataformas possibilitam utilizar templates de mapa de processos para desenhar fluxos, definir responsabilidades, registar tempos de execução e partilhar atualizações em tempo real. Quando a colaboração presencial não é viável, o uso de softwares de Process Mapping assegura que o trabalho continua a ser participativo, transparente e orientado para a melhoria contínua.

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