Artigo
Como ser sustentável e eficiente?
A sustentabilidade é hoje uma das grandes prioridades estratégicas dos países europeus e de grande parte das empresas industriais. Dentro deste âmbito, a descarbonização e a economia circular são as principais linhas de atuação para várias empresas do setor, tal como foi partilhado pela Roca, Storopack e Recircular no evento dedicado às últimas tendências e desafios relacionados com a sustentabilidade. Contudo, o sucesso da sua implementação depende de vários fatores.
Descarbonização
Alcançar os objetivos do Acordo de Paris (limitar o aquecimento global no longo prazo a 1.5°C) e do Pacto Ecológico Europeu (tornar a Europa neutra em carbono em 2050) só será possível através do compromisso da Indústria, ao efetuar uma redução massiva das suas emissões. De facto, manter o nível de aquecimento em 1.5°C a longo prazo exigirá uma taxa global de descarbonização quase cinco vezes maior do que a observada em 2019.
Quer para a indústria de capital intensivo, onde por norma existe um elevado consumo de energia, quer em fabricantes com menos equipamentos, mas com elevada movimentação de materiais, a descarbonização torna-se um pilar estratégico, garantindo também grandes poupanças ao nível da conta de resultados.
How To
Em primeiro lugar, deve ser implementado um projeto de melhoria das operações focado na redução do consumo energético. Este inicia-se com uma análise detalhada do estado atual relativamente à produtividade das operações e também à eficiência energética dos principais equipamentos existentes. Aqui, a sensorização tem um papel determinante ao permitir uma medição assertiva e localizada ao longo do processo produtivo. Depois, é necessário realizar uma análise causa-efeito às principais oportunidades e implementar várias soluções, tais como a standardização dos parâmetros de funcionamento dos equipamentos e a otimização dos tempos de paragem. Paralelamente, recomenda-se também a análise de todas as operações de logística interna e externa, com o objetivo de minimizar todos estes movimentos, nomeadamente através da implementação de uma rota standardizada, como o mizusumashi ou o milkrun.
Depois de otimizar as operações, é preciso promover a mudança para energias limpas, como a solar ou a eólica e, por fim, se necessário, implementar medidas de compensação das emissões.
Economia circular
O modelo económico atual assenta na Economia Linear e segue as seguintes fases: extração de recursos, produção, venda, consumo e gestão de resíduos. Este modelo gera grandes quantidades de resíduos valorizados, anualmente, na Europa, em 3 000 M€. Assim, quando estes resíduos não são bem geridos, as empresas não só perdem esta oportunidade de negócio como normalmente ainda incorrem em custos para que os seus resíduos sejam tratados, o que muitas vezes significa incineração ou lixeiras.
Esta exploração do planeta resulta da extração de recursos muito antes de eles serem regenerados naturalmente, de forma constante. Em 2020, o Dia da Sobrecarga da Terra, que simboliza o momento a partir do qual o planeta entra em défice ecológico, foi a 22 de agosto.
A Economia Circular é a alternativa que pretende gerar valor económico tendo em conta os recursos que se encontram disponíveis e garantindo que continuam assim para as gerações futuras. O desperdício é transformado através da inovação para reutilização, recuperação e reciclagem.
How To
A fase de desenho de produto é onde existe a maior oportunidade circular já que é responsável por 80% do impacto ambiental de um produto em todo o seu ciclo de vida. Com o Eco-desenho pretende-se aumentar a vida útil dos produtos, potenciar a utilização de materiais alternativos como os reciclados ou os compostáveis, e preparar o produto para a sua reutilização. Neste sentido, aconselha-se começar com uma análise ao portfólio de produtos e selecionar aqueles que têm a maior oportunidade de redesenho.
Em segundo lugar, é importante estudar a lista de materiais dos produtos escolhidos e identificar e priorizar as oportunidades de material alternativas e redução de recursos. Por fim, utilizar técnicas de prototipagem rápida, realizar testes aos produtos e definir uma estratégia de venda para o produto redesenhado.
Implementar um projeto de sustentabilidade numa organização exige uma transformação cultural. Para que ambas tenham sucesso, é necessário, antes de tudo o resto, que esse objetivo faça parte da visão estratégica de negócio e que exista um compromisso da gestão de topo na sua implementação. Depois, devem ser definidos objetivos ambiciosos, alcançáveis e mensuráveis que são desdobrados para todos os níveis da organização.
Realizar estas transformações não é fácil e por isso deve ser feito progressivamente, mas com alguma aceleração, sem pressa, mas sem pausas.
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