
No setor de Oli & Gas, inserido num contexto altamente competitivo e regulado, a capacidade de desenvolver continuamente competências tornou-se uma vantagem estratégica. A existência de operações complexas, exigências rigorosas de segurança, volatilidade dos mercados e pressão constante por eficiência requerem a criação urgente de equipas capazes de melhorar continuamente de forma sistemática, alinhada e sustentada.
É perante este cenário que surgem as academias de melhoria contínua, que atuam como aceleradores da execução estratégica e catalisadores da transformação cultural. Estas academias, mais do que ensinar ferramentas, moldam comportamentos, desenvolvem competências críticas e estabelecem uma linguagem comum de melhoria que se estende a todas as áreas e níveis da organização.
Este artigo analisa o papel das academias de melhoria no setor de Oil & Gas, desde a conceção até à geração contínua de valor, abordando inclusive a sua estrutura, os fatores críticos de sucesso, o processo de implementação e os benefícios.
O papel das academias de melhoria contínua na cultura organizacional
A criação de uma academia de melhoria contínua trata-se de um instrumento estratégico para ativar novas capacidades organizacionais que suportam a execução da estratégia e promovem uma verdadeira transformação cultural.
Uma academia bem desenhada permite formar talentos de forma totalmente alinhada com a realidade da empresa – com conteúdos, exemplos, casos e metodologias ajustadas aos processos específicos, às prioridades operacionais e ao contexto da organização. A empresa fica com os seus próprios materiais de treino, criando um repositório vivo de conhecimento essencial.
Além disso, a criação de uma academia permite garantir que todos os níveis de maturidade, áreas e funções são considerados – desde os operadores e supervisores no terreno até aos diretores e líderes da transformação. A formação é desenhada para ser relevante e aplicável, qualquer que seja a função ou o grau de exposição prévia aos temas de melhoria.
Outro princípio fundamental é o de garantir que o investimento em formação se traduz em valor mensurável. Por isso, as academias mais eficazes promovem uma abordagem de ROI-based learning, em que cada módulo tem um propósito concreto e está orientado para gerar impacto no negócio. Após cada formação os colaboradores são desafiados a aplicar no Gembaos conceitos e metodologias.
Resumindo, as academias de melhoria contínua são o motor silencioso por trás da criação de uma cultura de excelência operacional: promovem comportamentos, aceleram competências e contribuem para o alinhamento de toda a organização com os objetivos estratégicos.
Desenho de uma academia de melhoria contínua: estrutura e conteúdos
O sucesso de uma academia de melhoria contínua no setor de Oil & Gas depende de um desenho estruturado, flexível e alinhado às necessidades reais do negócio. Para garantir relevância e impacto, a construção da academia deve considerar três pilares fundamentais: as competências críticas, os modelos de formação e os mecanismos de avaliação e certificação.
Competências críticas por área, função e nível hierárquico
Para se conceber uma academia eficaz, é essencial identificar as competências críticas para o desempenho e a evolução da organização. No setor de Oil & Gas, estas competências variam consoante o segmento de atuação (upstream, midstream ou downstream), a área funcional (produção, manutenção, engenharia, supply chain, HSE, áreas corporativas) e o nível hierárquico (operacional, tático ou estratégico). Com base nesta avaliação, é possível estruturar a academia, organizando os diferentes módulos de aprendizagem de forma alinhada às necessidades reais do negócio.
A academia deve disponibilizar percursos de aprendizagem personalizados, adequados às especificidades de cada função e ao nível de maturidade dos colaboradores. Estes percursos devem abranger desde competências técnicas e operacionais fundamentais até metodologias avançadas. Para os níveis de liderança, é essencial incluir também conteúdos focados em gestão da mudança, liderança de equipas e definição e desdobramento da estratégia.
Modelos de formação: blended learning, on-the-job e mentoring
O modelo de formação deve ser híbrido e adaptável à rotina operacional intensa do setor. As academias de maior sucesso combinam diferentes formatos para maximizar a aprendizagem e facilitar a aplicação prática.
- Blended learning: combinação de formação presencial e digital, com conteúdos teóricos disponíveis em plataformas online e sessões práticas orientadas para a aplicação real. No setor de Oil & Gas, devido às características das operações e à dispersão geográfica das equipas, a formação tende a privilegiar formatos digitais, intercalando momentos de self-learning com sessões online orientadas por formadores;
- On-the-job training: aprendizagem diretamente nos processos, com aplicação de ferramentas em casos reais da empresa;
- Mentoring e coaching: acompanhamento de projetos realizados no Gemba por especialistas internos ou externos que garantem a qualidade da aplicação e o desenvolvimento contínuo das competências.
Este modelo permite aprender pela prática, promovendo o envolvimento ativo dos participantes e contribuindo para a resolução imediata de problemas do negócio.
Avaliação e certificação
Para assegurar que os conhecimentos adquiridos estão a ser efetivamente aplicados no dia a dia dos colaboradores, é fundamental estabelecer mecanismos de avaliação de competências e certificação dos participantes.
A avaliação é, habitualmente, realizada no final de cada módulo formativo, permitindo verificar a compreensão dos conceitos e a capacidade de os aplicar em contextos práticos. Já a certificação envolve, regra geral, a implementação de projetos reais, nos quais os participantes aplicam as metodologias aprendidas no Gembacom o apoio de mentores experientes.
A adoção de um sistema de certificação por níveis (como White, Yellow, Green e Black Belt) ou por módulos funcionais proporciona uma referência interna clara e objetiva, incentivando o progresso contínuo dos colaboradores. Mais do que um diploma, a certificação valida a competência prática e a capacidade de gerar valor tangível para a organização através da melhoria contínua.
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Passo a passo para a implementação de uma academia de melhoria contínua
Implementar uma academia de melhoria contínua exige uma abordagem estruturada que vá além da simples criação de conteúdos. A seguir apresenta-se um modelo em cinco etapas, com exemplos concretos de entregáveis e boas práticas para garantir eficácia e sustentabilidade ao longo do tempo.
Etapa 1: Desenho da academia
A fase inicial começa com a análise da estrutura organizacional, do contexto de negócio e das necessidades estratégicas. Com base nessa análise, define-se o modelo concetual e operacional da academia, alinhando objetivos, públicos-alvo e temas prioritários. É nesta etapa que se estabelecem os pilares da academia: governance, arquitetura modular, formatos de entrega e mecanismos de avaliação e certificação.
Principais entregáveis:
- Estrutura da academia (módulos e percursos formativos);
- Segmentação dos públicos-alvo;
- Lista de perfis para formadores / especialistas (internos e/ou externos);
- Modelos de avaliação e certificação;
- Plataformas IT (plataformas de suporte, incluindo gestão e partilha de conteúdos, ferramentas de avaliação e certificação, soluções de colaboração, entre outras);
- Modelo de governance da academia (incluindo papéis e responsabilidades);
- Calendário de sessões Train-the-Trainer;
- Calendário inicial de formações.
Etapa 2: Desenvolvimento dos conteúdos
Os conteúdos são desenvolvidos de forma personalizada, incorporando boas práticas do setor e metodologias de melhoria contínua adaptadas à realidade da organização. Esta fase inclui também a construção de toda a estrutura de apoio à formação, avaliação e certificação.
Principais entregáveis:
- Agendas detalhadas dos cursos com tempos estimados;
- Materiais de formação (apresentações, vídeos, exercícios, estudos de caso);
- Linha temporal para preparação, execução e follow-up;
- Processo/conteúdos para avaliação;
- Processo/conteúdos para suporte pós-treino e certificação;
- Guia do formador;
- Guia do participante;
- Estrutura do programa Train-the-Trainer.
Etapa 3: Formação de formadores (Train-the-Trainer)
A sustentabilidade da academia depende da capacitação de formadores internos que possam garantir a disseminação do conhecimento. A formação de formadores é, por isso, uma etapa crítica, permitindo transformar especialistas técnicos em facilitadores de aprendizagem eficazes. É essencial que os formadores dominem não apenas os conteúdos, mas também técnicas pedagógicas, de comunicação e de facilitação de grupos.
Principais entregáveis:
- Sessões de formação Train-the-Trainer;
- Certificação dos formadores nos diferentes módulos.
Etapa 4: Primeira entrega de formação
O primeiro ciclo de formações é geralmente realizado com o apoio de consultores ou parceiros especializados, garantindo qualidade e consistência na transferência de conhecimento. Esta fase funciona como piloto, validando conteúdos, métodos e formatos de entrega.
Principais entregáveis:
- Sessões-piloto com públicos distintos;
- Feedback dos participantes e formadores;
- Conteúdos e formatos alterados com base nos resultados observados.
Etapa 5: Entrega regular com formadores internos e externos
Com os conteúdos e métodos validados, inicia-se a entrega regular da formação. Os formadores internos assumem um papel central na disseminação do conhecimento e na manutenção da dinâmica da academia. Formadores externos podem continuar a ser envolvidos em temas especializados ou estratégicos.
Principais entregáveis:
- Sessões de formação com avaliação e certificação;
- Atualização contínua dos conteúdos.
A implementação bem-sucedida de uma academia não termina com a entrega da primeira turma. Exige acompanhamento contínuo, atualização sistemática e um forte envolvimento dos líderes para garantir que a formação se traduz em melhoria real no terreno.
Fatores de sucesso para a implementação de uma academia
A implementação de uma academia de melhoria contínua não deve ser vista como um simples projeto de formação, mas como um pilar estratégico para transformar a cultura organizacional e desenvolver capacidades críticas. Para garantir a sua eficácia e sustentabilidade, é essencial assegurar alguns fatores-chave de sucesso desde o início do processo.
Comprometimento da liderança e da gestão de topo
O compromisso da liderança e da gestão de topo é, sem dúvida, o fator mais determinante para o sucesso de uma cultura de melhoria contínua e consequentemente também de uma academia. A presença ativa de líderes de topo — não apenas como patrocinadores, mas também como participantes e promotores da formação — envia uma mensagem clara sobre a importância da melhoria contínua para o futuro da organização.
Mais do que aprovar orçamentos ou inaugurar programas, os líderes devem:
- Participar ativamente nas formações e em projetos relevantes;
- Integrar os objetivos da academia nas suas prioridades estratégicas;
- Reconhecer e valorizar publicamente os colaboradores certificados e os resultados obtidos com os projetos de certificação.
Este envolvimento cria legitimidade, dá visibilidade à academia e acelera a adesão por parte das equipas operacionais e intermédias.
Alinhamento com os objetivos estratégicos e operacionais
Para gerar valor efetivo, a academia não pode funcionar como uma estrutura autónoma ou desconectada da realidade organizacional. O plano de formação deve estar profundamente alinhado com as prioridades do negócio, ajustando conteúdos e calendários às necessidades concretas da operação e aos objetivos estratégicos da empresa.
Uma academia verdadeiramente eficaz atua como um catalisador da execução da estratégia, promovendo o desenvolvimento das competências essenciais à concretização dos resultados pretendidos.
Métricas de impacto e retorno sobre o investimento (ROI)
Uma academia de excelência avalia o seu sucesso não apenas pelo número de colaboradores formados, mas sobretudo pelos resultados concretos obtidos no terreno. Por isso, é essencial definir, desde o início, indicadores de impacto claros — como o aumento da produtividade, a melhoria da eficiência dos equipamentos, ou o progresso nos indicadores de segurança, qualidade e serviço.
De forma complementar, é igualmente relevante acompanhar métricas como a percentagem de colaboradores certificados e o número de projetos Kaizen realizados no âmbito das certificações.
O cálculo do retorno sobre o investimento (ROI) da formação é uma ferramenta valiosa para demonstrar o valor do programa junto da gestão e orientar recursos para os módulos e metodologias com maior impacto no desempenho da organização.
Comunicação e reconhecimento dos formandos
A comunicação eficaz é um acelerador crítico da adoção e sucesso da academia. Desde o lançamento até à sua consolidação, é importante garantir:
- Divulgação clara dos objetivos, percursos formativos e benefícios para os colaboradores;
- Partilha regular de casos de sucesso, testemunhos e resultados alcançados com o programa;
- Criação de momentos de reconhecimento institucional dos formandos certificados, através de cerimónias de certificação, distinções internas e comunicação em canais corporativos;
- Implementação de mecanismos de premiação e incentivo que reforcem o prestígio da certificação e motivem a adesão contínua ao programa.
Estas iniciativas fortalecem o envolvimento, aumentam o orgulho de pertença e promovem a valorização pública dos esforços individuais e coletivos na jornada de melhoria contínua. Quando combinados, estes fatores — liderança envolvida, alinhamento estratégico, foco em resultados, comunicação e reconhecimento — transformam a academia num verdadeiro motor de competitividade e de melhoria contínua sustentável.
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Importância das academias de melhoria contínua no setor do Oil & Gas
Num setor marcado pela complexidade operacional, volatilidade de mercado e exigência contínua por segurança e eficiência, as academias de melhoria contínua emergem como uma alavanca estratégica essencial. Mais do que iniciativas de formação pontuais, estas academias representam um investimento estruturado na construção de capacidades internas, no alinhamento cultural e na aceleração da execução da estratégia empresarial.
Ao promover uma aprendizagem orientada para os resultados, adaptada aos diferentes níveis e funções, e enraizada na realidade específica da organização, a academia torna-se um elemento central para sustentar a excelência operacional. Permite transformar conhecimento tácito em práticas normalizadas, desenvolver talentos críticos e criar uma linguagem comum de melhoria em toda a organização.
Além disso, ao capacitar formadores internos e manter os conteúdos atualizados em linha com os desafios da empresa, a academia reforça a autonomia e a agilidade organizacional. Este modelo de aprendizagem contínua não só prepara a força de trabalho para responder melhor aos desafios do presente, como também a equipa para liderar a transformação necessária para o futuro.
No setor do Oil & Gas, onde as melhorias podem traduzir-se em ganhos operacionais significativos, a criação de uma academia não é apenas desejável — é estratégica. É através dela que se consolida uma cultura de excelência sustentável, com equipas preparadas, motivadas e comprometidas com a melhoria diária.
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